O fenômeno dos bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos — tem ganhado destaque nas redes sociais, onde adultos simulam rotinas maternas com enxoval, consultas médicas fictícias e cuidados diários. Em muitos casos, buscam inclusive direitos legais para os bonecos, como atendimento médico, matrícula em creches ou representação jurídica. À luz da psiquiatria, esse tipo de comportamento já configura um delírio – quando ocorre uma ruptura com o mundo real e o simbólico – levando a pensamentos e condutas desconexas com a realidade.

A sofisticação dos reborns impressiona pelo peso, textura da pele, veias, respiração simulada e até batimentos cardíacos. O problema surge quando esse “realismo artístico” dá asas a fantasia e se transforma num refúgio patológico. Dar banho em quem não reage, alimentar quem não reclama, cuidar de quem não chora, uma vez que a boneca não exige entrega emocional, apenas proporciona controle — algo bem distante do amor verdadeiro, que pressupõe troca, adaptação e vínculo real.
Mais que moda ou hobby, o reborn escancara fragilidades emocionais e sociais.

Enquanto adultos procuram bonecos para “criar”, cerca de 5 mil crianças e adolescentes no Brasil aguardam por adoção. Não se cura a dor com uma cópia daquilo que falta. Não se trata apenas de um hobby excêntrico, mas de um sintoma que escancara sofrimento psíquico grave.

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