Termos como TDAH, ansiedade, depressão e burnout se tornaram cada vez mais presentes nas conversas entre jovens, especialmente nas redes sociais. Embora isso reflita uma maior abertura para falar sobre saúde mental, também revela um fenômeno preocupante: o uso crescente — e muitas vezes sem orientação — de medicamentos psiquiátricos por adolescentes e jovens adultos.

Hoje, muitos recorrem à medicação em busca de mais foco, produtividade ou alívio imediato para sintomas emocionais. Em um cenário marcado por alta exigência de desempenho e equilíbrio constante, a promessa de um efeito rápido acaba se tornando atraente — mesmo quando o sofrimento ainda não foi compreendido com profundidade.

As redes sociais, embora contribuam para romper tabus, também incentivam autodiagnósticos apressados. Vídeos com listas de sintomas estimulam identificações rápidas, e não é raro que jovens cheguem ao consultório já convencidos de que possuem um transtorno específico — ou, em alguns casos, já medicados por conta própria.

O uso sem acompanhamento pode gerar efeitos colaterais importantes, dificultar o diagnóstico correto, provocar dependência e até agravar o quadro, especialmente quando a interrupção do tratamento é feita de forma desordenada.

A medicação, quando bem indicada, pode ser uma aliada no processo terapêutico. Mas ela nunca deve substituir o olhar atento de um profissional ou dispensar a escuta cuidadosa do que o sofrimento tem a dizer. Nem toda dor precisa ser silenciada — e nem todo alívio virá em forma de comprimido.

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