Nas últimas décadas, o início da vida adulta mudou de forma significativa. Se antes era comum que, aos vinte e poucos anos, os jovens já estivessem inseridos no mercado de trabalho, morando sozinhos ou constituindo família, hoje esse caminho parece mais lento e, para muitos, repleto de inseguranças.

O cenário econômico instável, o custo de vida elevado e a competitividade profissional intensa criam um ambiente onde a autonomia financeira e pessoal se torna mais difícil de conquistar. Paralelamente, as redes sociais expõem padrões de sucesso e felicidade que nem sempre correspondem à realidade, aumentando a sensação de inadequação e a pressão para “acertar” em todas as escolhas.

Esse contexto tem contribuído para o crescimento de quadros ansiosos e depressivos entre jovens adultos. O medo de falhar, de não alcançar expectativas — próprias ou alheias — e a sensação de não estar pronto para lidar com as responsabilidades da vida adulta geram paralisia emocional. Em alguns casos, isso se traduz em adiamento de decisões importantes, como sair da casa dos pais, assumir compromissos financeiros ou investir em relacionamentos estáveis.

O papel da psiquiatria é compreender que esse fenômeno não se resume a “falta de maturidade” ou “preguiça”, mas envolve fatores emocionais, sociais e econômicos complexos. O tratamento pode incluir psicoterapia, ajustes no estilo de vida e, quando necessário, intervenção medicamentosa. Mais do que buscar soluções imediatas, o tratamento psiquiátrico procura oferecer suporte para que o jovem desenvolva resiliência, autoconfiança e estratégias saudáveis para enfrentar a transição para a vida adulta.

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